A Madrugada que eu Esperava

Espectáculo de Hugo Gonçalves

Crítica de Iara Sousa, Consultora de comunicação e marketing do teatroàfaca

Tenho que admitir que estava cética relativamente a este espetáculo. E acho genuinamente que é um daqueles espetáculos que quanto mais pensamos nele, mais gostamos.

Assim que o pano abre, encontramo-nos logo com a banda. No centro do palco, temos os 5 músicos que aí estarão ao longo de todo o espetáculo, a dar-nos música ao vivo com uma qualidade inigualável. Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes, alternam quem protagoniza o espetáculo, na personagem de Olívia Afonso, uma feminista revolucionária nos tempos do Estado Novo, que se apaixona por Francisco, interpretado por Diogo Branco.

Não querendo revelar demasiado do espetáculo, trata uma história de amor, que acompanha o antes, durante e depois da revolução do 25 de Abril.

A música é incrível. Da autoria de Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes, todos os números musicais do espetáculo estão no timing certo, e não só são músicas muito divertidas, como bonitas, e de enorme qualidade (a banda ao vivo reforça este ponto).

Relativamente ao tema, se a história de amor me pareceu um pouco forçada e pouco natural, penso que apresenta muito bem como seriam as mentalidades da altura, a vida que se vivia, e a realidade de um povo, em todas as fases de se libertar de um regime opressivo.

Penso que nunca foi mais importante existirem espetáculos deste género, com esta temática, com nomes tão grandes associados aos mesmos.

No dia 7 de março, quando vi o espetáculo, um grupo de fãs da Bárbara Tinoco assistiu também. Eram muito jovens, diria que entre os 7 e os 15 anos. Elas fizeram cravos de papel à mão e entregaram-nos a todos os espectadores que assistiram nesse dia. Vi-as cantar todas as músicas do espetáculo com lágrimas nos olhos, e pensei que bom que é, que estas jovens admirem tanto alguém que lhes quer passar mensagens tão importantes como esta.

Um espetáculo que surge no sítio certa, à hora certa.

Vai estar em cena no Teatro Maria Matos, de quarta a domingo, até dia 28 de abril, e no Porto nos dias 30 e 31 de maio, no Coliseu Porto Ageas.